Crianças Altamente Sensíveis

 

O Dia da Criança é celebrado, em Portugal, no dia 01 de junho, e tem como objetivo sensibilizar para os direitos das crianças e para a promoção de uma melhoria das suas condições de vida, tendo em conta o seu pleno desenvolvimento.

Estima-se que 20% dos seres humanos partilham o traço de elevada sensibilidade, cientificamente conhecido como traço da Sensibilidade de Processamento Sensorial – uma característica do sistema neurológico, inato e genético, que se manifesta através do comportamento da pessoa. 

Mas do que se trata exatamente quando falamos de Crianças Altamente Sensíveis?

 

De forma geral, as principais características deste traço são:

– Processar de forma intensa e profunda a informação recebida;

– Tendência para a sobre-estimulação, que resulta da abundância de informação recebida combinada com uma forma profunda de a gerir;

– As emoções são experienciadas de forma intensa, ligadas a uma grande capacidade empática;

– Os 5 sentidos estão muito desenvolvidos, especialmente quando se trata de registar pormenores ou estímulos subtis.

 

Reconhecer o traço da alta sensibilidade em bebés e crianças pode ser complexo, por isso disponibilizamos aqui algumas pistas importantes:

– Capta mais informações sensoriais do ambiente do que outras crianças;

– Processa as informações de uma maneira mais detalhada;

– Evita e bloqueia situações em que é o centro das atenções;

– Apresenta maior cautela em situações novas (como mudanças no ritmo diário ou alterações do ambiente);

– Apresenta uma sensibilidade superior ao ruído, dor e luz;

– Apresenta uma maior sensibilidade com a roupa e sapatos, alimentos/ ingredientes, texturas e temperaturas;

– Demonstra uma forte empatia pelos outros;

– Apresenta um vocabulário avançado para a idade (capacidade para captar e reutilizar palavras dos adultos);

– Experiência com maior frequência extremos emocionais;

– Demonstra uma forte tendência perfecionista – podem demorar mais tempo a tomar decisões e ter um elevado sentido de controlo.

 

E como lidar com estas características? Deixamos algumas dicas para lidar com crianças altamente sensíveis:

. Reconheça e aceite o traço – ter conhecimento sobre as características do traço, aceitando-as facilitará o processo de ajuda e apoio à criança;

. Promova um ambiente favorável – proporcione um ambiente positivo, saudável, onde a criança se sinta segura e apoiada, não esquecendo as regras, estrutura, limites e respeito;

. Disponibilize atenção e compreensão – a empatia é a melhor ferramenta a dar à criança, reconhecendo e validando as suas emoções (atenção à paciência e tom de voz utilizado);

. Estabeleça limites – as regras e os limites são necessários, sem critica nem julgamento, mas com explicação clara e segura dessas mesmas regras; 

. Evite a sobre-estimulação – evite excessos de informação, elimine fatores de stresse, promova espaços minimalistas (como o quarto), e dê tempo para as descargas emocionais da criança;

. Evite sobrecarregar a criança com demasiadas atividades diárias;

. Prepare-a de forma gradual para novos eventos e experiências– estruture uma rotina diária, mas crie, igualmente, um ambiente seguro para as novas experiências que devem ser promovidas

. Limite o acesso a dispositivos eletrónicos – explique os riscos e dê o exemplo;

. Ensine a criança a identificar os seus sentimentos e a expressar as suas emoções;

. Converse com a criança – reuniões familiares no mesmo dia e à mesma hora, com presença total e consciente das intenções, empatia, assertividade e sorrisos; elogiando, igualmente, os pontos positivos da criança;

. Dedique-lhe tempo de qualidade – encoraje o autocuidado, o estabelecimento de limites saudáveis, e valide as suas emoções.

 

CADA CRIANÇA É ÚNICA e este traço pode ser positivo e evolutivo! 

Ainda assim, se considera que precisa de estratégias para gerir estas características no seu filho, procure ajuda. Os profissionais de saúde da Psiquiatria Positiva podem ajudar