Desvendando Tabus: A Importância dos Afetos e da Sexualidade na Terceira Idade.

Desvendando Tabus:
A Importância dos Afetos e da Sexualidade na Terceira Idade.

Numa sociedade que caminha a passos largos para o envelhecimento demográfico, torna-se imperativo abordar as diversas facetas que compõem a qualidade de vida dos idosos, especialmente aqueles que se encontram institucionalizados.

A sexualidade, frequentemente vista como um tema tabu ou até irrelevante para esta faixa etária, é, na verdade, um aspeto fundamental da existência humana, crucial para o bem-estar emocional e físico, independentemente da idade. A discussão aberta e informada sobre a expressão das relações, do afeto e da sexualidade na pessoa idosa institucionalizada é um tema de vital importância para todos, mas principalmente para os profissionais do setor.

Estudos recentes, como o publicado por Bauer et al. (2013) na revista Gerontologist, sublinham que a necessidade de expressão sexual e afetiva não se atenua com o avançar da idade. Contudo, a realidade vivida nas instituições muitas vezes não reflete esta necessidade, deixando de lado políticas que promovam e respeitem a sexualidade dos idosos. Algumas pesquisas revelam também uma discrepância significativa entre a necessidade de uma abordagem inclusiva e a prática corrente, que raramente permite aos idosos a privacidade ou autonomia necessárias para viverem a sua sexualidade de forma plena e digna.

A mudança passa necessariamente pela educação e formação dos profissionais envolvidos nos cuidados geriátricos. O debate deste tema e/ou programas específicos de formação, podem efetivamente alterar perspectivas, equipando os cuidadores com as ferramentas necessárias para abordar a sexualidade dos idosos com o respeito e a sensibilidade que se impõe. A formação deve focar-se não apenas na mudança de atitudes, mas também na implementação de práticas que promovam um ambiente inclusivo e respeitador.

Importa igualmente promover o diálogo aberto entre todas as partes envolvidas: idosos, familiares, profissionais de saúde e gestores de instituições. A pesquisa de Mahieu et al. (2016) indica que a comunicação aberta pode facilitar uma maior compreensão e aceitação da sexualidade na terceira idade, desmistificando preconceitos e construindo uma base de respeito mútuo e compreensão.

A discussão sobre a sexualidade na terceira idade, e particularmente na pessoa idosa institucionalizada, é mais do que uma questão de direitos individuais; é uma questão de qualidade de vida, de dignidade e de humanidade.

Diretores técnicos, Assistentes Sociais, Psicólogos, Psiquiatras,  Enfermeiros, Médicos, Gerontólogos, Animadores, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas – entre outros profissionais da área social e da saúde – têm um papel crucial nesta mudança de paradigma, promovendo uma cultura de cuidado que reconheça e valorize todos os aspetos da vida dos idosos, incluindo a sua sexualidade.

O desafio está lançado: é tempo de quebrar os tabus e iniciar uma conversa necessária e enriquecedora sobre a sexualidade na terceira idade. Ao fazê-lo, não só estaremos a promover uma vida mais digna e plena para os nossos idosos, mas também a contribuir para uma sociedade mais justa, inclusiva e informada.

O Unicare Summit está de volta, este ano com uma edição única que promete abrir novos caminhos na forma como abordamos a sexualidade na terceira idade. 

“A expressão das relações, do afeto e da sexualidade na pessoa idosa institucionalizada.” é o tema desta edição que conta com especialistas conceituados na área social, da saúde e da gerontologia.